INTRODUÇÃO BÁSICA DA HOTELARIA
INTRODUÇÃO BÁSICA DA HOTELARIA
Hotel
Substantivo masculino.
1.estabelecimento que provê
alojamento e, habitualmente, refeições, entretenimentos e outros serviços para
o público.
Hotelaria
Substantivo feminino.
1.comércio hoteleiro; as atividades
relativas a hotéis e hospedarias.
Hospedagem
Substantivo feminino.
1.acolhimento de pessoas, com ou sem
remuneração; abrigo, hospitalidade.
"jamais recusou hospedagem a
quem quer que fosse"
2.HOSPEDARIA.
Hotelaria na história:
Conforme as pessoas se locomoviam de
um destino ao outro, em busca de diversos interesses, a história do turismo vai
acontecendo e a hospedagem de turistas aumentando e se adaptando ao redor do
mundo.
A necessidade de melhor conforto e número
de leitos se tornou imprescindível para o crescimento, já que a nobreza viajava
com grandes comitivas, e o Cristianismo e o Islã moveram multidões de
peregrinos e deslocamentos nas rotas sagradas.
A adequação do quarto com banheiro privativo
foi criada, bem como a uniformização dos funcionários e a qualidade dos
serviços e comodidades, assim formou-se o primeiro hotel planejado do mundo, em
1870, na França, o Hotel Ritz, criado por César Ritz, um hoteleiro Suíço.
Os Estados Unidos, criou a
padronização e focou na hotelaria para o grande público, assim enxugando os
serviços, diminuindo custos e oferecendo a hospedagem por preços mais
acessíveis. O “boom” da industrialização.
A hotelaria se transforma desde então,
passando por diversas mudanças que cada cenário se apresenta, ajustando
conforme o mercado vai se modernizando e exigindo constantes melhorias.
Jogos Olímpicos
Marco inicial da hospedagem, para a
maioria dos autores, os Jogos Olímpicos foram de imensurável importância ao
desenvolvimento do Turismo Mundial. Na Grécia Antiga, visitantes de várias
localidades iam à Olímpia assistir aos jogos Olímpicos, competições que duravam dias.
O evento era tão importante que
interrompia até mesmo as guerras em andamento e deslocava milhares de pessoas.
Os nomes dos vencedores das competições só começam a ser registrados a partir
de 776 a.C. As Olimpíadas, perde prestígio com o domínio romano da Grécia.
Para esses eventos, foram construídos
os estádios e os pódios, onde se homenageavam os vencedores e ficava a chama
olímpica, símbolo esportivo. Mais tarde foram acrescentados os balneários e uma hospedaria, com cerca de 10 mil metros
quadrados, com o objetivo de abrigar os visitantes. Essa hospedaria teria
sido o primeiro hotel que se tem notícia na historia.
As estradas romanas
Para que haja uma hospedagem é
necessário que haja primeiro um deslocamento. Baseando-se nesse conceito,
muitos autores identificam os grandes deslocamentos do Povo Romano como outro
marco de extrema importância para o desenvolvimento dos meios de hospedagem.
Esse povo sempre adiante de seu
tempo, os romanos, no início da expansão de seu Império, iniciaram a construção
de estradas entre as cidades conquistadas. Essas eram basicamente utilizadas
como meio de comunicação, onde um funcionário do correio romano sempre levava
consigo correspondências de uma cidade a outra através destas vias. Essas não
eram muito utilizadas para transporte de mercadorias por suas precárias
construções, o que transformava o transporte fluvial e marítimo mais
eficientes.
Essas vias com o passar dos anos
foram se expandindo, fazendo a ligação de cidades cada vez mais distantes. Isso
gerou a necessidade da hospedagem desses funcionários que levavam as
correspondências. Essa hospedagem era, a princípio, realizada em lugares
particulares ou abandonados.
No século IV a.C. , Roma governava a
Itália Central, o que trouxe a necessidade de construir caminhos para que os
homens transitassem, e para tanto o imperador romano Apio Cláudio construiu
nesse século a Via Appia, que se
constituiu como o primeiro caminho romano.
Posteriormente, a rede de caminhos
estendeu-se até o sul da Itália, de onde surge a frase “Todos os caminhos levam a Roma”.
Esses deslocamentos humanos, de seu
ambiente de vida a outras terras, implicavam na necessidade de alojar-se em
algum lugar e os Romanos geralmente se alojavam em casas particulares, em
templos pagãos das cidades ou em acampamentos.
As redes de estradas foram com o
tempo se alastrando por toda a península Itálica, ao final do século I a.C. já
existiam 19 estradas que interligavam toda a península.
As estradas romanas foram, sem
dúvida, o princípio da hospedagem com fins lucrativos ou de benefícios.
Diferentemente das hospedagens das Olimpíadas, as pousadas romanas faziam parte
do sistema econômico das cidades, gerando um comércio entre os viajantes e os
moradores e até mesmo a troca de mercadorias entre cidades. Essa transformação
ocorreu, principalmente, após o grande “boom” dos meios de hospedagem nessas
estradas.
A organização e controle eram tantos que nas estradas
romanas para transitar as pessoas deveriam possuir um documento, muito
parecido com o passaporte.
Como naquela época os meios de
transportes não percorriam mais do que 60 quilômetros diários, as viagens quase
sempre duravam alguns dias. Disso resultou à criação das hospedarias que, em
Roma, obedeciam a regras muito rígidas. Como exemplo, um hoteleiro não poderia
receber um hóspede que não tivesse uma carta assinada por uma autoridade,
constando que ele estivesse viajando a negócios ou a serviço do imperador. A
famosa Via Appia, era um local repleto de pequenas pousadas e nestes
estabelecimentos ocorria orgias, crimes e desordens.
As Olimpíadas podem ter marcado o
início da Hotelaria, mas com certeza foi a expansão do Império Romano que criou
o hábito nas pessoas de se hospedarem em locais que não eram o de moradia. Foi
também essa expansão do Império que alavancou a construção de várias pousadas
ao longo das vias.
Isso levava as autoridades a
colocarem os donos de pousadas em sua folha de pagamento, para que eles
relatassem tudo o que ouvissem de seus hóspedes. A lei obrigava a manter
vigília à noite, visando a segurança dos hóspedes, de quem era obrigatório
anotar os nomes, a procedência e a nacionalidade. Esse panorama continuou mais
ou menos inalterado até o final da Idade Antiga. Com a queda do Império Romano,
as estradas vieram a ser menos usadas, em razão da falta de segurança. Esse
fato diminuiu o número de hóspedes, prejudicando seriamente as pousadas.
Essa resistência existiu até a chegada
do Cristianismo, religião que prega o “amor ao próximo”. Criou-se assim uma
certa segurança para os moradores quanto aos viajantes e também gerou nos
próprios viajantes segurança quanto ao lugar onde se hospedavam, pois esses
agora estavam protegidos por Deus.
O Cristianismo
Por volta de 324 d.C o Imperador
Constantino, após várias guerras civis, unifica mais uma vez o Império Romano,
que estava dividido entre dois governantes: Galério, Imperador do Oriente e
Constâncio, Imperador do Ocidente.
Foi a conversão de Constantino ao
cristianismo que tornou a religião da unificação do Império.
Tanto na época de Constantino como ao
longo de todo o século IV a corte imperial deu impulso decisivo ao processo de
cristianização do Império de Constantino, embora fosse em si mesma um
acontecimento inesperado, não exerceu a sua influência no vazio, mas sim por
meio do que viria a ser uma das mais importantes instituições sociais de finais
do Império.
Após uma divergência com o Senado e
com a sociedade Romana, Constantino coloca a cidade de Constantinopla, como
capital do Império Romano. Levando a religião cristã ao Oriente.
Os preceitos de amor ao próximo do
Cristianismo é que influenciaram nas visões das pessoas, quanto aos peregrinos.
O Cristianismo trouxe consigo os
novos preceitos de amor ao próximo, fazendo com que os moradores de muitos
lugares do mundo oferecessem melhor tratamento aos peregrinos, tornando-os
hóspedes especiais ao dar-lhes pousada. Devido a sociedade cristã haver nascido
onde convergiam dois mundos, o oriental e o ocidental, isso proporcionou sua
rápida expansão.
Para a Hotelaria, esse episódio da
história é de extrema importância, pois gerou uma proximidade entre hóspedes e
donos de hospedarias. A qualidade no atendimento começou a ser considerada de
extrema importância. Diferentemente da qualidade que empregamos hoje no mercado
hoteleiro, onde a qualidade no atendimento é tratada como um aspecto
mercadológico, nesse período esse diferencial estava mais ligado à religião e
suas pregações. Mesmo com essa diferença conceitual, a qualidade pode-se dizer que
passou a ser estudada e empregada, esse diferencial é de extrema importância no
mercado de hoje.
O produto hoteleiro é estático. O consumidor
deve ir até ele. Já nas empresas industriais ou comerciais fazem chegar o
produto até o cliente. A empresa hoteleira, quando comparada a outros tipos de
empresa, é menos propensa à automação, pois o tratamento pessoal e o calor
humano fazem parte essencial da prestação dos serviços hoteleiros. O que hoje
está mudando, com ingresso forte da tecnologia e a inteligência artificial.
As Cruzadas
Outros fatos históricos que
influenciaram muito no desenvolvimento da Hotelaria e da Hospedagem foram as cruzadas,
guerras que ocorreram entre territórios dominados pela Igreja Católica e
territórios dominados pela religião Islâmica. Depois de séculos de guerras, as
religiões começaram a recuperar os lugares santos com objetivo de proteção de
peregrinos. Esses locais eram chamados de hospitais. “Esse fato propiciou a
fundação de hospitais (cuja raiz latina é hospes, que significa hóspede), que
se multiplicaram posteriormente entre os povos ocidentais da Europa.”.
Inicialmente esses Hospitais, que
abrigavam velhos, enfermeiros e peregrinos, não possuíam fins lucrativos. Mas
com o passar dos anos os hospitais (que eram, muitas vezes mosteiros) passaram
a cobrar para estadia dessas pessoas. Muitos desses mosteiros até os dias de
hoje são meios de hospedagem muito utilizados e visitados, principalmente na
Europa Ocidental.
Primeiros estabelecimentos de
hospedagem
Como visto nos tópicos anteriores, os
meios de hospedagem possuem sua origem nos balneários e na hospedaria de
atletas durante os jogos Olímpicos e também seu desenvolvimento durante a
expansão do Império Romano e do Cristianismo. Esses meios de hospedagem até
agora descritos, não possuíam como função principal a hospedagem. Muitos deles
eram casas particulares onde os viajantes se acomodavam em pequenos quartos,
estábulos, ou alguns meios eram somente utilizados esporadicamente, em datas
comemorativas ou durante as guerras. Então a funcionalidade principal destes
estabelecimentos seria a moradia e não a hospedagem. O mesmo acontecia com os
mosteiros aonde as funções religiosas vinham em primeiro âmbito.
Os primeiros estabelecimentos de
hospedagem com o propósito exclusivamente comercial surgiram no final da Idade
Média na Europa. Eram as tabernas e as pousadas.
As pousadas eram públicas com fins
lucrativos, localizadas em povoados onde se ofereciam alimentos, bebidas e
albergues a viajantes, cavaleiros e carruagens. As tabernas tinham o mesmo
objetivo das pousadas, mas geralmente estavam localizadas nas estradas ou fora
dos povoados, a uma distância que poderia ser percorrida a cavalo durante o
dia.
Nesses abrigos, os hóspedes eram
obrigados a cuidar da própria alimentação, da iluminação (velas, lampiões,
etc.) e até das roupas de dormir. O desenvolvimento das estradas por toda
Europa e o crescimento do comércio entre os países, fez com que a hospedagem
começasse a possuir parte significativa da economia local.
No século XII, as viagens na Europa
voltavam a se tornar mais seguras, e rapidamente as hospedarias se
estabeleceram ao longo das estradas. Aos poucos, diversos países implantavam
leis e normas para regulamentar a atividade hoteleira, especialmente a França e
a Inglaterra. A França, por exemplo, já dispunha de leis reguladoras dos
estabelecimentos e serviços hoteleiros no ano de 1254 (século XIII), enquanto
na Inglaterra isso aconteceu em 1446 (século XV). No ano de 1514 (século XVI),
os hoteleiros de Londres foram reconhecidos legalmente, passando de hostelers
(hospedeiros) para innholders (hoteleiros).
O Desenvolvimento da Hotelaria na
Europa
Como já exposto, o desenvolvimento da
Hotelaria está intimamente ligado ao desenvolvimento dos meios de transportes.
Até o surgimento das ferrovias, em torno de 1840, por 200 anos os meios de
hospedagem foram se desenvolvendo no que diz respeito à quantidade, mas não a
qualidade e tampouco a modernização.
As diligências de carruagens eram
hóspedes garantidos para as pousadas e hotéis. Tamanha era a importância
destes, que os meios de hospedagem mais preparados possuíam até cocheiras e
estábulos para acomodar os cavalos que puxavam essas carruagens.
Essas pousadas mais preparadas já
trabalhavam como agenciadores de diligências, uma vez que se tornavam ponto de
saída e de chegada dos viajantes e ofereciam passagens para essas viagens.
Algumas das maiores pousadas daquele
período foram projetadas especificamente para se integrar com esse meio de
transporte (carruagem). Dispunham de escritório de reservas e salas de espera;
além disso, muitas “estações” possibilitavam ao viajante fazer reservas e
comprar passagem de diligências, de várias rotas, a partir da pousada – o Hotel
Royal, na Inglaterra, por exemplo, tinha um total de 23 linhas.
Mas o mundo se modernizava
rapidamente. No começo do século XIX surgem as primeiras ferrovias na Europa.
Em 1802, Richard Trevinthick construiu
uma carruagem a vapor que não desenvolveu grande velocidade devido as péssimas
condições das estradas inglesas. Então em 1825, George Stephenson inaugurou a
primeira ferrovia do mundo, ligando Darlington a Stockton. O primeiro comboio
era misto: transportava 60 toneladas de carga e 600 passageiros, em 34 carros e
vagões.
A chegada das ferrovias foi um duro
golpe para os meios de hospedagem existentes na época. Como não se modernizaram
e não se adaptaram as novas tecnologias, muitos estabelecimentos fecharam as
portas. Os meios de transportes estavam ficando mais rápidos e eficientes.
Mais uma vez os meios de hospedagem
se adaptaram aos novos meios de transporte. Hotéis e pousadas foram construídos
nas redondezas das estações de trens e não mais ao longo das vias por onde passavam
as diligências, pois muitas dessas hospedarias já estavam fechando suas portas.
Não ignorando o fato de que as
estradas de rodagem também demonstravam grande desenvolvimento na época.
Em 1775, o engenheiro da Généralité
de Limonges, Tresaguet, inventou um novo processo de consolidação do piso das
estradas, substituindo as várias camadas de pedra pela utilização de cascalho
com um leve arqueamento do piso. Quase que ao mesmo tempo, o engenheiro escocês
John Loudon Mc Adam desenvolveu um sistema bastante semelhante, que recebeu o
nome de macadame, que barateou a construção de rodovias na Grã-Bretanha.
Enquanto a hotelaria que se
desenvolvia nas beiras das estradas sofriam com o desenvolvimento do
transporte, nas regiões portuárias a quantidade de hotéis e pousadas que
surgiam era assustador. Isso porque nesse momento da história os viajantes a
negócios passavam mais tempo nas cidades desenvolvendo projetos ou fechando
negócios, do que viajando.
Na medida em que foram construídas as
estradas de rodagem e as ferrovias que ligavam os grandes centros às cidades
portuárias, houve um grande aumento na quantidade de hotéis, principalmente
nessas cidades portuárias.
Para se ter uma ideia, podemos citar
como o marco inicial do desenvolvimento do Turismo Ferroviário a venda de
“ticket” antecipado, em 1841, de 570 passagens para o percurso entre Leicestere
e Loughborough, pela agência Cook de Londres.
O Turismo já se desenvolvia, pelo
menos nas questões quantitativas, dos meios de hospedagem.
Outro meio de transporte que
influenciou muito no desenvolvimento do turismo, consequentemente da Hotelaria,
foi o barco a vapor.
Os primeiros barcos construídos para
o transporte de passageiros através do Atlântico foram ingleses e norte-americanos.
Ficou para trás aquele tempo em que esses passageiros eram considerados mais intrusos
a bordo, do que como clientes pagantes. Em 1858, foi lançado ao mar o Great
Eastern, construído inteiramente de ferro e podendo levar até 10.000
passageiros nos seus 210 metros de comprimento e 25 de largura.
As distâncias ficavam menores, o
turismo agora não existia somente regionalmente, as deslocações eram feitas
agora a nível mundial, atravessando fronteiras, rios, mares e oceanos. A grande
pioneira no desenvolvimento da Hotelaria, a Europa (destacando a Inglaterra e a
França), começou a ficar estagnada, ultrapassada no que se diz respeito a
qualidade e modernização. Começou a perder sua supremacia para a nova potência
que surgia no final do século XIX e início do XX, os Estados Unidos.
Um dos últimos marcos da história da
hotelaria no século XIX foi a construção, em 1870, do primeiro estabelecimento
hoteleiro em Paris, considerado o início da hotelaria planejada. As inovações
foram o banheiro privativo em cada quarto e a uniformização dos empregados. O
pioneiro foi o suíço César Ritz.
Essa estagnação Europeia e esse
desenvolvimento norte-americano fez com que os hoteleiros ingleses se acomodassem e
permaneceram em estado de indiferença, enquanto seus equivalentes
norte-americanos mostraram não ter inibições. Estes eram radicais, aventureiros
e expansionistas.
Com estudos mercadológicos e de
aperfeiçoamento no atendimento, os Estados Unidos passaram a ser a nova
referência da Hotelaria Mundial.
O Desenvolvimento da Hotelaria nos
Estados Unidos
A grande diferença para o enorme
desenvolvimento e crescimento da hotelaria nos Estados Unidos foi a consciência
de igualdade que se desenvolveu no novo país. Enquanto no século XIX na Europa,
os únicos que podiam desfrutar de luxos eram os aristocratas, nos Estados
Unidos esses luxos estavam à disposição de quem pudesse pagar, não importando
se esses pertenciam a classes nobres ou não. Isso traspassou a hotelaria. “Os
hotéis foram abertos para a comunidade”. Perfeita descrição do capitalismo e da
democracia que surgia, o poder do dinheiro e não de status, o poder da
igualdade.
Segue alguns marcos do
desenvolvimento da hotelaria dos EUA:
– 1794 – Abertura do City Hotel,
primeiro prédio construído para ser um hotel, com 73 quartos
– 1829 – A inauguração do Tremont
House de Boston. Considerado o “Adão e Eva” da Hotelaria. Suas inovações
físicas eram marcantes: oferecia quartos com acomodação privada, single e
double (o conceito anterior ainda era de grandes quartos com muitas camas).
Todos com portas e fechaduras. Cada quarto tinha sua bacia e jarro para higiene
pessoas. Oferecia um sabonete de cortesia. O surgimento do mensageiro.
O Tremont House foi um marco
importantíssimo para o desenvolvimento da hotelaria mundial. Os hóspedes
procuravam cada vez mais luxos para suas estadias, e cada vez mais os hotéis
proporcionavam o que eles desejavam. Os meios de hospedagem não eram mais
apenas locais de hospedagem simples e pura (o que significava: para dormir) e
sim um local de conforto, diferente e onde se proporciona, muitas vezes, uma
estadia melhor que as das próprias residências. Esse “boom” na hotelaria
americana com certeza ajudou e muito no desenvolvimento do turismo da época. As
pessoas possuíam mais motivos para procurar conhecer outras localidades.
Os Estados Unidos mostraram que sua
classe média era o grande público para esses hotéis que surgiam e conforme a
acessibilidade a esses meios de hospedagem foram crescendo a procura por
viagens.
Passou nessa época também a se
desenvolver um padrão de atendimento, com dignidade, respeito e principalmente
privacidade, diferencial que até então não existia na hotelaria.
O grande nicho de mercado americano
no final do século XIX começo do XX era a classe média. O maior desafio
encontrado pelos empresários do ramo foi desenvolver conceitos que
satisfizessem a esse público com igualdade no atendimento e os preços mais
acessíveis. A padronização de produtos e serviços.
Em Janeiro de 1908, foi inaugurado o
“Statler Hotel” em Búfalo, marcando a história como sendo o primeiro hotel
comercial moderno. Ele incorporou todas as técnicas anteriormente conhecidas e
introduziu inovações como: portas corta-fogo protegendo as escadarias
principais, fechaduras em todas as portas, interruptor de luz ao lado das
portas de entrada nos ambientes, banheiro privativo para cada apartamento, água
corrente, espelho de corpo inteiro em todos os quartos e jornal matutino
gratuito para os hóspedes. Statler criou, ainda, um slogan que contribuiu muito
para o marketing do seu hotel: “A room
and a bath a dollar and a half”. (Um quarto e um banheiro por um dólar e
meio)
O crescimento da hotelaria foi
interrompido somente pelo início da Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918). Mas
foi no período de 1910 a 1920 que luxuosos e famosos hotéis foram construídos
nos Estados Unidos, como:
– Hotel Pennsylvania (atual Stlater)
em Nova York
– New Yorker (de Ralf Ritz) em Nova
York
– Stevens Hotel (hoje pertencente a
marca Conrad Hilton) em Chicago
A com a década de 30 veio a grande
depressão (1929 a 1939) e o pior período para a hotelaria norte americana, onde
85% das propriedades hoteleiras fecharam suas portas ou ficaram sobre
intervenção judicial.
O início da recuperação da Hotelaria
veio somente com a Segunda Guerra Mundial (1931 a 1941). Grandes negócios eram
feitos principalmente no que se diz respeito à indústria bélica e de
suprimentos (esses que eram fornecidos aos países europeus em guerra). Milhares
de americanos foram convocados para a guerra e outros milhares se deslocavam de
suas casas em função dos negócios. O padrão de atendimento caiu, por falta de
pessoal treinado para o atendimento nos hotéis e pela grande procura por
apartamentos, mas em compensação um grande número de hotéis surgiu. Mas o
segmento do turismo realmente só obteve uma recuperação significativa na década
de 50.
O Século XX foi de grande
desenvolvimento para o setor hoteleiro nos EUA, excluindo os períodos da
primeira grande guerra e da grande depressão, como mostra os gráficos e tabelas
abaixo desenvolvidas com base nos dados fornecidos pela American Hotel Association.
As grandes redes hoteleiras se alastraram não só nos Estados Unidos como em
todo o mundo, com o compromisso e o serviço de boa qualidade, seguindo sempre
um padrão em todo o mundo.
Histórico da hotelaria no Brasil
O século XVIII e a cidade do Rio de
Janeiro e de São Paulo surgem como marcos iniciais da hotelaria no Brasil.
Nesse período, as casas de hospedagem começaram a surgir na cidade do Rio de
Janeiro.
“No século XVIII começaram a surgir
na cidade do Rio de Janeiro estalagens, ou casas de pasto, que ofereciam
alojamento aos interessados, embriões de futuros hotéis”.
Foi também no século XVIII Charles
Burton fez a primeira classificação das hospedarias paulistanas. Segue a
classificação de Burton:
1ª Categoria Simples pouso de
tropeiro
2ª Categoria Telheiro coberto ou
rancho ao lado das pastagens
3ª Categoria Venda, correspondente a
“pulperia” dos hispano-americanos, mistura de venda e hospedaria.
4ª Categoria Estalagens ou
hospedarias
5ª Categoria hotéis
A chegada da corte portuguesa ao Rio
de Janeiro (1808) e a abertura dos portos também foram marcos do princípio da
hotelaria na cidade. Com a chegada da corte, muitos estrangeiros passaram a
transitar pelo Rio de Janeiro, assim criando a necessidade de meios de
hospedagem mais preparados e com maior capacidade. Na época havia um hotel em
especial que merece um grande destaque, o Hotel Pharoux, pela localização
estratégica junto ao cais do porto, no largo do Paço, considerado um dos
estabelecimentos de maior prestígio no Rio de Janeiro.
Já na capital paulista, somente a
partir da data de 1870 é que alguns meios de hospedagem passaram a merecer
destaque como: Hotel Paulistano, Hotel do Comércio, Hotel Universal, Hotel
Providência, Hotel Quatro Estações entre outros.
Nesse início da Hotelaria no país
percebemos nos meios uma forte influência europeia, tanto nos conceitos como
nas próprias construções. Também é preciso reforçar que os meios de transporte
e sua evolução foram decisivos para o crescimento do setor no país assim como
no mundo.
Se considerarmos o século XVIII o
século que deu início do setor no país, o século XIX foi o de estagnação,
durante todo o século XIX o país sofreu com o problema de escassez de hotéis
(problema esse mais acentuado na cidade do Rio de Janeiro). Já o século XX foi
o de grande evolução e revolução para o setor.
Em São Paulo o grande impulso foi a
construção da São Paulo Railway e o grande marco foi a construção do Hotel
Términus e do Hotel Esplanada.
Marco significativo da hotelaria
paulista ocorreu com a inauguração do Hotel Términus, com mais de 200 quartos,
localizado na atual Avenida Prestes Maia, onde hoje temos o edifício da Receita
Federal. Posteriormente, em 1923, é de se mencionar o moderno Hotel Esplanada,
ao lado da imponente edificação do Teatro Municipal com seus 250 apartamentos,
magnífico hall de entrada todo de mármore Carrara, três luxuosos
salões-restaurante, salão de chá, ponto de encontro da elite paulista.
No Rio de Janeiro a escassez de
hotéis que marcou o século XIX estendeu-se até o início do século XX quando o
governo criou o decreto nº1160, que isentava por sete anos, de todos os
emolumentos e impostos municipais, os cincos primeiros grandes hotéis que se
instalassem no Rio de Janeiro. Esses hotéis vieram, e com eles o Hotel Avenida,
o maior do Brasil, inaugurado em 1808.
O setor no Rio de Janeiro também
considera outras duas construções marcos da hotelaria na cidade, o famoso
Copacabana Palace, cuja construção contribuiu de forma decisiva para
transformar o Rio de Janeiro em pólo de turismo e lazer. Em Agosto de 1922,
inaugura-se o Hotel Glória, hoje um dos maiores hotéis do Brasil com 700
apartamentos.
O Copacabana Palace, com sua
imponente construção e localização privilegiada, um dos mais famosos hotéis do
Brasil e o mais tradicional segue até hoje como um importante ponto turístico
da cidade.
A partir da década de 30 os grandes
hotéis são implantados nas capitais, estâncias minerais e nas áreas de apelo
paisagístico.
A década de 40 foi marcada por um
episódio muito importante para o desenvolvimento dos grandes hotéis, a
proibição dos jogos de azar (1946). Muitos dos grandes hotéis fecharam suas
portas e outros tantos tiveram que reestruturar seus estabelecimentos. Até hoje
há uma enorme polêmica sobre a liberação de cassinos no país, como coloca a reportagem
da Revista Veja (1998). Os outros países que permitiam os jogos atraiam mais os
turistas que o Brasil.
Com a proibição, a hotelaria de lazer
e o conjunto da atividade hoteleira somente tiveram novo avanço com os
incentivos ficais da operação 63, do Banco Central. Porém esse incentivo em
partes não foi muito significativo para o crescimento e desenvolvimento do
setor.
Esta medida favoreceu o grande
crescimento da Rede Othon, que figurava entre as maiores do mundo, e de outras
redes como Vila Rica e Luxor. Porém todas com capitais fechados, caracterizadas
pela administração familiar.
Somente em 1966 é criado a EMBRATUR e
junto com ela o FUNGETUR que atua através de incentivos fiscais na implantação
de hotéis, promovendo uma nova fase na hotelaria brasileira, principalmente no
segmento de hotéis de luxo, cinco estrelas.
Sob a tutela da EMBRATUR nos anos 60
e 70 as grandes redes internacionais chegam ao país, mas os hotéis construídos
são, em sua maioria, de categoria Cinco estrelas e em quantidade limitadas,
assim não acessíveis a grande parte da população.
Somente nos anos 90 é que as grandes
redes passam a construir no país hotéis mais econômicos e de padrão
internacional, isso pelo alto grau de procura dos consumidores por esse
produto. Foi também nessa época que ocorreu a abertura do país para a
globalização, assim abrindo também o mercado do turismo de negócios.
HOSPEDAGEM DO FUTURO
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